Do Jornal do Comercio
O ex-prefeito de Caruaru Manoel Teixeira, 44, conhecido como Neguinho Teixeira (PSDC), foi preso na manhã dessa quinta-feira por coação de testemunha. Ele responde a oito processos criminais e a dois cíveis na Vara da Fazenda Pública, mas teve a prisão cautelar decretada por ter ameaçado uma das testemunhas, o pedreiro João Jerônimo. Dois mandados de prisão cautelar levaram o ex-prefeito à Penitenciária Juiz Plácido de Souza: um foi expedido pelo juiz Pierre Souto Maior, da 2ª Vara do Crime, e o outro pelo magistrado Gleidson Gleber Lima, da 3ª Vara do Crime.
Segundo o Ministério Público, as ameaças vinham desde a época em que o Tribunal de Contas (TCE) investigava as contas da Câmara de Caruaru no período em que foi presidida por Neguinho Teixeira, de janeiro de 2007 a abril de 2008. Depois, ele assumiu a prefeitura com a renúncia do então prefeito Tony Gel (DEM) para se candidatar a vereador. Nesse processo, Teixeira responde por gestão fraudulenta e desvio de material de construção em uma reforma que ocorreu no Legislativo. O TCE detectou o desvio de 80 telhas brasilit, fato que fez os auditores rejeitarem as contas da Câmara e enviar a denúncia à Justiça.
Ainda de acordo com o MP, as ameaças ocorreram antes e durante o depoimento da testemunha. O pedreiro Jerônimo teria recebido uma ligação de um assessor de Neguinho Teixeira quando as investigações estavam em curso. A ameaça consistia em dar “uma surra” no pedreiro caso ele fosse “falar o que não devia aos promotores”. Durante o depoimento, a testemunha teria recebido nova ameaça, dessa vez por meio de uma mensagem de texto do próprio telefone de Teixeira.
Ao todo são oito processos contra o ex-prefeito que estão divididos nas 2ª, 3ª e 4ª Varas Criminais, além de mais dois na Vara da Fazenda Pública de Caruaru. As acusações: crimes na Lei de Licitações e contra a Ordem Tributária e a Administração da Justiça e peculato.
A PRISÃO - A prisão do ex-prefeito e ex-presidente da Câmara Municipal de Caruaru ocorreu por volta das 11h15, no Fórum Demóstenes Veras, onde estava depondo em outro processo, no qual é acusado de liberar sem licitação um contrato com uma empresa de transporte coletivo. Ao terminar o depoimento, ele recebeu voz de prisão e foi conduzido por dois delegados à 1ª DP. Em seguida, Teixeira foi levado ao IML para exame e depois à Penitenciária Juiz Plácido de Souza (PJPS). Teixeira passou sua primeira noite na triagem e dormiu numa cela com capacidade para dois presos, mas que conta atualmente com 15.
Ainda no IML, o ex-prefeito falou ao JC. “Não existem provas, não fiz ameaça a nenhuma testemunha. Estou sendo preso e nenhuma prova foi apresentada. Desafio qualquer pessoa a mostrar mensagem de ameaças enviadas do meu telefone”, disse. Ele completou que não é uma pessoa violenta e que vai provar sua inocência.
ASCENSÃO - Manoel Teixeira teve uma rápida ascensão na política. Ele foi eleito vereador por três vezes (1996, 2000 e 2004) sempre como empresário do setor de móveis e com o apelido na campanha de “Neguinho do Sofá”. No final de 2006, alguns vereadores da base do então prefeito Tony Gel (DEM), irritados com o presidente da Câmara na época, Leonardo Chaves (PMDB), resolveram se unir à oposição e, de última hora, votar contra a indicação do prefeito, que era manter Chaves na presidência do Legislativo.
O acordo entre a oposição e parte da situação insatisfeita acabou sendo um duro golpe para Tony Gel e culminou na eleição de Teixeira para presidente da Câmara. No cargo, ele teve uma gestão conturbada e marcada por uma série de denúncias de irregularidades (desvios de recursos públicos, pagamento indevido de diárias, compras sem licitação e nomeação de funcionários públicos que recebiam, mas não exerciam cargos etc).
Uma viagem de Neguinho Teixeira a Buenos Aires, Argentina, para participar de um Congresso de Vereadores foi manchete nos principais telejornais do País. O congresso terminou não existindo e o então vereador foi flagrado passeando pela capital portenha. Com uma câmera escondida, um repórter da TV Globo flagrou o vereador afirmando que todas as despesas da viagem estavam sendo pagas com dinheiro público.
Mesmo desgastado, Teixeira assumiu a prefeitura com a renúncia de Tony Gel (o vice-prefeito eleito, Roberto Liberato, havia renunciado antes para continuar como deputado estadual). Depois de concluir o mandato, estava se movimentando para se eleger deputado estadual pelo PSDC. Ontem, ele reafirmou que manterá a candidatura. “Meu projeto continua e vou ser eleito. O que está acontecendo é um equívoco e vou sair daqui fortalecido”.
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