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Deus e Marina


Não se fala em outra coisa. A campanha para o segundo turno presidencial ainda não começou mas Deus e Marina continuam na balança eleitoral. Isso na boca do povo que não admite que se fale no nome de Deus em vão e naquela parcela do eleitorado que, votando na candidata verde, mudou o rumo da eleição para presidente da República. Nos bastidores políticos há um consenso tanto da parte de Dilma como de Serra, que se deve correr atrás dos evangélicos, ainda em estado de choque com a suposta afirmação da candidata petista, desmentida posteriormente, de que nem Deus "impediria a sua vitória" e de seu posicionamento a favor do aborto, também negado. Quanto a Marina, o cerco é enorme, por motivos óbvios. O problema é arrancar o seu apoio, porque o PV sem a presença dela nos palanques é mesmo que nada. Agora, vejam bem: Marina já chegou a admitir até uma espécie de plenária para decidir pra onde ela vai - uma ideia que só um petista sugere. Mas em que pesem Deus e Marina, há quem pense em estratégias alternativas e também emocionais para ganhar o segundo turno. O governador Eduardo Campos (PSB), por exemplo, que estava ontem em Brasília, defende uma campanha centrada no prestígio de todos os governadores que foram reeleitos e que ao longo de seus governos tiveram o apoio inegável do presidente Lula. Algo assim: se o eleitorado deu a esses governadores vitórias tão expressivas, não pode negar a eles o apoio necessário para eleger Dilma Rousseff, garantindo assim um novo presidente aliado. Aliás, essa é a linha que Eduardo já está desenvolvendo em Pernambuco, apostando, portanto, no seu prestígio político e na sua densidade eleitoral. Do lado de Serra, os ajustes serão maiores, considerando que entre Dilma e ele há uma diferença de mais de 16 milhões de votos que o tucano tem que anular. Ontem, o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB) também já estava em Brasília, devendo encontrar-se com Serra, hoje ou amanhã, para definir sua participação na campanha do segundo turno. Em Pernambuco, Serra teve um desempenho fraquíssimo com menos votos que Marina, evidenciando que a estratégia de sua campanha no estado tem que ser revista, até porque Jarbas e o senador Sérgio Guerra, que coordenou a campanha nacional do tucano, não se entemdem mais. Agora, além de Deus e Marina, as campanhas de Dilma e Serra terão que fazer as pazes com quase 34 milhões de brasileiros que preferiram não votar ou optaram por votar em branco ou nulo.

Secretariado // O governador Eduardo Campos (PSB) estabeleceu que só a partir de dezembro é que vai falar sobre o secretariado do segundo governo. Isso porque ele não quer conversar sobre este assunto com ninguém, embora já esteja pensando em alguns nomes. 

O que será do PT? // Fragilizado nas urnas e com uma má gestão na Prefeitura do Recife, são muitas as dúvidas que cercam o PT estadual, que terminou se transformando no satélite do PSB do governador Eduardo Campos, mesmo tendo elegido um senador, Humberto Costa, e o deputado federal mais votado do partido no país, João Paulo, com 264.259 votos. E a aposta do momento é cruel: se Serra for eleito presidente da República no segundo turno, Eduardo descola do PT. 

O preço // O ex-prefeito de Gravatá, Joaquim Neto (PSDB) que aderiu a Eduardo às vésperas das eleições, perdeu. No município, teve uma votação menor do que esperava - 13 mil votos - e 25 mil no resto do estado, bem aquém do necessário para se eleger deputado estadual. E, como ele, a maioria dos quetrocaram a oposição pelo palanque governista.

Em pauta // Mendonça Filho (DEM), eleito deputado federal, teve 48.327 votos no Recife (5,68%), enquanto Raul Henry (PMDB), reeleito para Câmara dos Deputados, teve 38.862 mil votos (4,5%). Ambos são possíveis candidatos a prefeito do Recife em 2012. Ainda é muito cedo para se tratar desta questão, porém é um assunto que vai entrar em pauta logo. Raul Jungmann (PPS), que concorreu ao Senado, outro possível postulante, teve 207.971 votos no Recife, 18,20% dos votos válidos.

Aproximação // O senador Jarbas Vasconcelos (PMDB) telefonou ontem para Edilson Silva (Psol) e Sérgio Xavier (PV) e elogiou o desempenho dos dois candidatos na eleição para governador, salientando a linha de atuação de ambos principalmente porque eles não são de falar mentiras.

Mandato // Com a eleição do vereador Roberto Teixeira para a Câmara dos Deputados, seu lugar será ocupado pelo primeiro suplente, Sérgio Magalhães, que inclusive já exerceu vários mandatos como vereador do Recife. 

Além-mar // Há dezesseis anos sem pisar em Fernando de Noronha, o prefeito de Jaboatão Elias Gomes (PSDB), que foi administrador do arquipélago durante dois anos no último governo Arraes, conseguiu fazer do seu filho Betinho Gomes (PSDB), eleito deputado estadual, majoritário entre os ilhéus. Betinho obteve 201 votos e sem ter ido lá fazer campanha. 

Marisa Gibson
mgibson@dabr.com.br

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