Em reconhecimento ao ato de bravura que evitou tragédia maior na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, o governador Sérgio Cabral promoveu os policiais militares que participaram da ação que neutralizou o atirador Wellington Menezes de Oliveira, na manhã do dia 7 de abril. Em cerimônia realizada nesta terça-feira, no salão nobre do Quartel Central da Polícia Militar, no Centro do Rio, Cabral assinou o ato que passou o terceiro sargento Márcio Alexandre Alves, que comandou a ação, para segundo sargento e os cabos Denílson Francisco de Paula e Edinei Feliciano da Silva para terceiro sargento. A solenidade contou com a presença do presidente da República em exercício, Michel Temer.
Os três policiais participavam naquele dia de uma operação do Departamento de Transportes Rodoviários (Detro) numa rua próxima à escola quando foram chamados por dois alunos feridos no tiroteio que resultou na morte de 12 alunos e ferimentos em outros 12. A ação rápida e precisa dos três – Márcio estava acompanhado dos dois cabos quando atirou em Wellington no segundo andar da escola – interrompeu a saga homicida do ex-aluno que, armado de dois revólveres e um cinturão com dezenas de balas, invadiu o colégio e desferiu mais de 60 tiros. O atirador ainda tinha munição para causar mais mortes, mas foi impedido pela intervenção dos policiais. Wellington, depois de baleado, atirou contra a própria cabeça e morreu na hora.
– Estou contente, sim, é um reconhecimento da corporação, da sociedade, mas eu preferia que não tivesse homenagem e as crianças estivessem aqui conosco, continuassem no nosso convívio. Infelizmente, elas não estão mais por aqui – lamentou o agora segundo sargento Márcio Alexandre Alves.
Depois de exaltar a coragem e o senso profissional dos três policiais homenageados, para justificar a promoção deles pela corporação, o comandante-geral da PM, coronel Mário Sérgio Duarte, rebateu qualquer conexão da atitude do atirador, impulsionada por confusas motivações religiosas de conotação islâmica, com a essência da religião fundada por Maomé. Para ele, “o atirador foi vítima de profundo transtorno de personalidade”.
– Gostaria de finalizar minhas palavras em homenagem aos recém-promovidos com a citação de um trecho do Corão, o livro sagrado dos muçulmanos que inspira milhões de homens e mulheres no mundo inteiro e que não tem nada a ver com os desatinos de mentes desequilibradas e assassinas, um livro religioso que, na sua essência, é um convite à tolerância: “As crianças são o ornamento da vida neste mundo” – finalizou o comandante-geral.
O secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, entregou a insígnia que corresponde à nova graduação para o terceiro sargento Denílson, Cabral para o terceiro sargento Edinei e Temer para o segundo sargento Márcio. O vice-governador Luiz Fernando Pezão, o prefeito Eduardo Paes, o secretário-chefe da Casa Civil, Regis Fichtner, o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, general José Elito Siqueira, e o presidente da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), deputado Paulo Melo, também participaram da cerimônia, em que o presidente da República em exercício falou em nome dos governantes presentes.
Temer disse que comparecia ao ato a pedido da presidenta Dilma Rousseff, feito na sexta-feira antes da viagem dela à China. O presidente em exercício relacionou a eficiência das polícias do Estado do Rio nos últimos anos no combate à violência e, especificamente, a ação corajosa dos policiais militares no dia do atentado a uma nova maneira de conduzir a segurança no Estado do Rio. Para ele, a atitude de Wellington foi de “alguém que teve a mente envenenada pelos conceitos mais equivocados e cometeu o desatino”.
– No tópico específico da segurança pública só posso cumprimentar o Estado do Rio de Janeiro que, pelas últimas providências tomadas em relação ao tráfico de drogas e à criminalidade mais conhecida, foi capaz de tirar o Rio de Janeiro do noticiário policial – sintetizou.
Temer igualmente citou um livro religioso, agora a Bíblia, para sintetizar o significado duplo do que ocorreu na escola de Realengo.
– A passagem do Evangelho diz mais ou menos o seguinte: ´Se há alguém entre vós triste, orai e se há entre vós alguém feliz cantai louvores`. Quero aproveitar os dois preceitos do Evangelho: orar porque estamos todos tristes com este acontecimento, mas, por outro lado, cantar louvores pelo sucesso que a Polícia Militar e os três promovidos tiveram hoje – encerrou Temer.
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