Política é para quem é do ramo. É atividade para profissionais. Amador, nesse campo, normalmente tem vida curta ou nem consegue entrar.
Temos alguns exemplos no Estado e em Garanhuns de pessoas que entraram na política e sumiram rápido do cenário, por falta de feeling para o exercício do poder.
Paulo Marques e Edílson Torres, dois radialistas de sucesso no Recife. O primeiro foi deputado estadual e depois se elegeu federal com 55 mil votos, um feito e tanto na época. Quando disputou a reeleição teve meros 5 mil votos. O segundo teve um mandato na Assembléia Legislativa e só. Ambos faleceram ainda moços.
Em Garanhuns, na história recente, tivemos eleitos com boas votações para a Câmara Municipal Giovani com Amor e Edson Cobrador. Foi uma boa surpresa, mas ficou nisso. Nunca mais conseguiram um mandato.
Quem é profissional vai longe. Miguel Arraes começou perdendo uma eleição de deputado em Pernambuco. Depois foi deputado estadual, prefeito do Recife, deputado federal e governador de Pernambuco três vezes. Marco Maciel, à direita, sobreviveu quase 50 anos na arena política. Foi deputado estadual e federal, senador, ministro, governador de Pernambuco e vice-presidente da República.
Antônio Carlos Magalhães, na Bahia, só deixou de vencer eleições quando o levaram para a última morada. Mas continua representado pelo neto, que é deputado federal.
Felipe Coelho, que era chamado de o “Tigre do Araripe”, exerceu 10 mandatos no Legislativo Estadual. Só saiu da Casa Joaquim Nabuco quando estava velho e doente, perto de passar para o outro lado.
José Sarney está com mais de 80 anos de idade e vem dos tempos do velho PSD (partido que acaba de renascer sem a fleuma de outrora). Serviu à ditadura, aderiu ao projeto de redemocratização e terminou presidente da República com um empurrãozinho do destino. É escritor e senador pelo Amapá, já tendo presidido o senado federal em mais de uma oportunidade.
À esquerda, Roberto Freire começou militando no antigo PCB, foi deputado estadual e federal, combateu a ditadura, após a eleição de Lula deu uma guinada à direita e passou a combater o PT. Sem credibilidade no seu Estado transferiu o domicílio para São Paulo e com uma ajudinha dos tucanos voltou à Câmara Federal. Em Pernambuco seu prestígio minguou, mas é um nome ainda respeitado no Congresso.
Voltando a Garanhuns, citemos o caso do médico Silvino Duarte. Entrou na política como vereador. Exerceu três mandatos e em algumas eleições chegou com dificuldades. Foi vice-prefeito de Zé Inácio que saiu mal avaliado e depois não se elegeu nem para a Câmara. Silvino, porém, em 1996 se aliou a Arraes e Bartolomeu e derrotou o favorito Ivo Amaral. Reinou durante oito anos, conseguiu eleger a mulher deputada estadual e agora está tentando elegê-la prefeita.
Na região temos outros casos de políticos de admirável longevidade. José Soares, o Zezinho Borrego, hoje com 85 anos, começou como secretário municipal em São Bento do Una. Se elegeu prefeito três vezes em Capoeiras e foi vereador em mais de uma ocasião.
Anísio Godoy e Rafael Brasil, em Saloá e Caetés, também reinaram muito tempo. Foram prefeitos de seus municípios em três oportunidades e fizeram o sucessor mais de uma vez.
Atualmente Zé da Luz, filho do ex-prefeito Hermínio Sampaio (este um aliado de Rafael), está no poder em Caetés há 20 anos.
Vale citar ainda Fernando Ferro. Nasceu em Bom Conselho , passou a infância e adolescência em Garanhuns, tendo ido morar no Recife para estudar e virar engenheiro da CHESF. Tomou gosto pela política e se elegeu vereador na capital. Depois se transferiu para Brasília, onde exerce o quinto mandato consecutivo de deputado federal. Como os outros, é do ramo.
E tem o Lula, né? Não dá para esquecer. Nasceu no Sítio Várzea Comprida, em Caetés, foi para São Paulo ainda menino, num pau de arara. Passou fome, só estudou até a 4ª série e fez um curso do Senac. Virou sindicalista por influência do irmão, Frei Chico, liderou greves em plena ditadura militar e se elegeu deputado federal. Perdeu três eleições presidenciais, venceu duas, fez a sucessora e saiu do poder em alta. A imprensa burguesa e as elites têm alergia ao petista, mas o povão o adora tal qual um novo padre Cícero. O presidente Barack Obama disse que ele é "o cara". Alguém duvida que independente das qualidades e defeitos ele também é do ramo?
Com informação:Roberto Almeida
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