Graciliano Ramos, relata em seu livro Infância, que descreve com visão de olho de câmara de última geração, a fotografia de Buíque da época, captada em sua fértil memória de um menino de tenros quatro anos de idade, que ao chegar na Vila, observou de imediato algumas fogueiras queimando, rodeadas por pessoas à sua volta, a conversar e trocar lorotas. Depois ele veio a descobrir que a terra onde ele aprendeu as primeiras letras, entre 1894 a 1898, era na verdade um lugar de gente fofoqueira, que vivia a olhar a vida alheia, gente que não tinha muito o que fazer e por isso mesmo vivia a falar da vida dos outros. Acredita-se que essa visão do grande escritor brasileiro, está mais atualizada do que nunca, pois as pessoas da nossa terra infelizmente, continuam ainda da mesma forma para olhar o rabo dos outros, esquecendo do seu próprio, fustigar a vida alheia, esquecendo da sua própria e colocando lenha na fogueira dos outros, igualmente como descreveu no final do século XVIII, o grande escritor de Quebrangulo, estado de Alagoas, que naquela época, vindo juntamente com o seu pai das bandas das alagoanas, com um lote de mulas carregadas de mangaios, veio aportar em nossa terra.
Infelizmente a dura realidade da nossa terra, é essa mesma, isso por que muita gente não tem a menor consideração com o que acontece com os outros e sem o menor conhecimento de causa, estão mais para equivocadamente fazer um juízo de valor antecipado sobre determinado fato ou acontecimento, sem sequer saber como as circunstâncias se deram ou dos valores subjetivos, dos sentimentos intrínsicos de cada ser humano, de cada conterrâneo. Até parece que não existe solidariedade em nossa terra, nem tampouco, sentimento de irmãos. Na verdade não deveria ser assim, mas é assim que acontece em nossa terra de cobras. Não que esse modo de agir seja diferente em outros lugares, mas aqui a coisa parece ser mais acentuada a ponto de se distorcer os fatos só por pura maldade, mesmo sabendo que todos os que habitam a urbe, o município, também tem filhos, familiares diversos e que todo mundo sem exceção está sujeito a cometer um erro, um equívoco, que no final das contas, de forma distorcida procuram supervalorizar de tal forma, que se tivéssemos na época da guilhotina da Revolução Francesa, sugerida sua criação, por Joseph-Ignace Guillotin, que decapitou inúmeros revoltosos, o sujeito já estava praticamente guilhotinado. Da mesma forma como Gracialiano Ramos descreveu no final do século XVIII, quando por aqui esteve de passagem, continua da mesma forma. É triste, mas é a mais pura realidade.
O município de Buíque, a urbe, são formados por várias famílias conhecidas de praticamente todo mundo e na verdade, todo mundo sabe da vida alheia de todos, dos erros que cada um cometeu na vida, das virtudes também de cada um, da moral que muitos não tem para apontar o dedo sujo para quem quer que seja, então por qual razão querer o linchamento de alguém que supostamente venha a ter cometido um deslize? - Será que é só meramente por pura maldade? - Erros se cometem na vida. Todo mundo já cometeu. Quem é que não sabe? - Até mesmo figurões de famílias tradicionais buiquenses já cometeram erros inomináveis, e não é por isso que no momento deixaram de ser pessoas de bem, ou não? - Alguns mais abastados, que puderam estudar noutros centros urbanos mais adiantados cometeram coisas cabeludas e todo mundo tem conhecimento disso, só que, isso está no botão de pausa do esquecimento e, embora os que fizeram as suas hoje não mais o façam, tiveram o seu passado de vida. Não se pode condenar, apontar o dedo sujo para uma pessoa só pelo fato de que venha a cometer um fato isolado na vida, afinal de contas, ninguém é bandido e se tem alguém que vive de fustigar a vida alheia, perseguir somente por perseguir, é porque não aprendeu a ter visão de mundo. Esta é a verdade e a realidade nua e crua, doa em quem doer. Tais pessoas não passam de déspotas e só demonstram despreparo para a vida. Pior ainda é quando a coisa é levada para o lado da politicalha que aqui se pratica de forma às vezes até incivilizada, aí sim, é que o bicho pega mesmo. Até alguns imbecis que sequer daqui são, só pelo fato de pertencerem a lados políticos contrários, procuram de logo apontar o dedo podre para os outros, principalmente se for adversário. Minha gente, vamos ver as coisas por uma ótica diferente daquela vista há mais de cem anos por Graciliano Ramos. Não estamos mais na época de rodas de pessoas em torno de uma fogueira a falar da vida alheia, mas sim, numa época em que todo mundo precisa aprender a ver as coisas com isenção de ânimos e com discernimento. Apedrejamento prévio de alguém, só mesmo nos países tribais que ainda existem no mundo árabe, ou será que somos iguais a eles, hem?
Tribo nômade no mundo árabe. |
Postado por: Blog Buíque & Cia
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