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Panelaço contra as mentiras - Coluna do Magno Martins

Tivesse feito num 1º de abril, o discurso da presidente Dilma, domingo passado, em rede nacional de TV, teria sido perfeito. Não que tenha mentido muito, como sugere a data, mas o que ela tentou incutir se aproxima muito do personagem Pinóquio, tanto que a população entendeu, rejeitou e fez um barulhento panelaço em 12 capitais.
O marqueteiro João Santana trocou "momento difícil" por "momento diferente". O Brasil vive uma crise monumental: inflação em alta, credibilidade internacional zero, empresas endividadas em dólares com a corda no pescoço, nível de investimento negativo, governo atarantado diante do terremoto, com um ministro da Fazenda politicamente fraco, além de escândalos de corrupção por todos os lados.
Os fundamentos estão derretendo, como atestam as agências de risco internacionais. Dilma não mostrou a verdade nem de longe. Na internet, dezenas de vídeos foram postados com as pessoas batendo em panelas, vaiando e xingando a presidente durante o discurso. Em alguns é possível ver também pessoas acendendo e apagando as luzes de seus apartamentos. Em São Paulo, Brasília, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Recife motoristas buzinavam nas ruas durante o pronunciamento.

Não é por caso que essas manifestações se deram uma semana antes da mobilização popular a favor do impeachment da presidente, marcado para o próximo domingo.  A oposição também aproveitou o momento para criticar a presidente. O senador Aécio Neves (MG), líder nacional do PSDB e segundo lugar na disputa presidencial de 2014, divulgou na sua página pessoal do Facebook uma nota em que afirma que “Dilma Rousseff falta com a verdade” e “inventa bodes expiatórios”.
Ele atribuiu ainda à "incompetência de uma sequência de mandatos populistas", "semelhantes aos da Venezuela e Argentina", a situação atual do Brasil. Para ele, faltou ao discurso “um pedido de desculpas”. “Mas a presidente tem razão num ponto: os brasileiros estão irritados e preocupados”, finalizou o tucano.
A direção do Partido dos Trabalhadores (PT) reagiu rapidamente às manifestações da população e da oposição. Ainda na madrugada de ontem, a Agência PT, que divulga notícias do partido, disse que para José Américo Dias, secretário nacional de comunicação do PT, e para Alberto Cantalice, vice-presidente e coordenador das redes sociais da legenda, as manifestações foram “orquestradas para impedir o alcance da mensagem, mas fracassaram em seus objetivos”.
Segundo José Américo, a mobilização através da internet, tem evidências de financiamento de partidos de oposição. O secretário disse ainda que, apesar dos investimentos, a mobilização só atingiu moradores de bairros de classe média, “foi um movimento restrito”, disse. Para Alberto Cantalice, “existe uma orquestração com viés golpista que parte principalmente dos setores da burguesia e da classe média alta”.
ATO NO RECIFE– A concentração do ato pedindo o impeachment da presidente Dilma no Recife, no próximo domingo, está marcado em frente a padaria Boa Viagem. A convocação está sendo feito pelas redes sociais. No Facebook, a página “Impeachment de Dilma – Recife – oficial “, 11 mil pessoas prometem comparecer, mas a oposição entende que deve atrair muito mais gente em função das medidas contraditórias assinadas pelo Planalto.
Mais mentiras– Dilma disse que o povo está protegido naquilo que é mais importante: sua capacidade de produzir, ganhar sua renda e de proteger sua família. Mas não é verdade. As empresas cortam vagas, a inflação corrói os salários e começa a corroer a poupança. As famílias estão endividadas acima do seu limite, iludidas que foram pelo crédito abundante e aparentemente barato dos anos Lula e do primeiro mandato de Dilma.
Sem ruptura – Depois de sancionar a lei que transforma em crime hediondo o feminicídio, a presidente Dilma Rousseff falou sobre os movimentos de grupos oposicionistas, que desejam seu impeachment. "Impeachment está na lei. Agora, uma coisa é impeachment, outra coisa é terceiro turno", disse ela, para acrescentar: "Nas eleições de 2014, houve primeiro turno e houve segundo turno. Um terceiro turno seria ruptura da ordem democrática e não creio que a sociedade brasileira esteja disposta a aceitar uma ruptura."
Pelo impeachment– De José Serra em entrevista ao jornal El País: “Acho que o pedido de impeachment não se coloca agora como questão política. Não é uma palavra de ordem hoje. Acontece que o Governo está tão fraco que dá margem a que gente reivindique o impeachment”. O senador tucano também defendeu rigor na apuração dos casos de corrupção na Petrobras, mas eximiu o PSDB de responsabilidades quanto ao caso Alstom, em São Paulo.
Em reduto minado – O governador Paulo Câmara (PSB) abre a jornada dos fóruns regionais “Todos por Pernambuco” pela região do Araripe. O start ali não se deu por acaso. Foi no Araripe, que tem 10 municípios, onde o socialista obteve o maior revés eleitoral para o adversário Armando Monteiro Neto, ganhando apenas na pequena Trindade, com uma diferença ínfima.
CURTAS
PREFEITOS– Presidente estadual do PDT, o deputado Wolney Queiroz levou, ontem, ao governador Eduardo Campos (PSB), no início da noite, um grupo de 12 prefeitos de diversas regiões. Também presente ao encontro, o presidente da Assembleia Legislativa, Guilherme Uchoa.
ACREDITE SE QUISER– O senador Fernando Bezerra diz que vai participar do seminário “Todos por Pernambuco” para ajudar o Governo a conseguir recursos para todos os projetos debatidos nos diversos encontros regionais. Sobre 2018, garante que o seu candidato é Paulo Câmara.
Perguntar não ofende: Quantas mentiras Dilma vai inventar para tentar superar a crise de forma artificial?
Por Magno Martins

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