Por mais que queiramos nesta vida, não
somos capazes de externar tudo que queremos dizer. Escrevemos centenas e mais
centenas de textos, milhares de palavras e outros tantos caracteres, que buscam
versar sobre os mais variados temas, fatos e acontecimentos, mesmo assim não
somos capazes de dizer tudo que queremos. Algo ainda fica entalado na garganta.
A gente pensa, imagina, procura
mentalizar, estruturar uma idéia, um pensamento, mas quando este vai fluindo,
não sai do jeito que queríamos externar os nossos sentimentos ou o que
queríamos de fato dizer de verdade. Sob o manto que cobre o nosso mundo
interior, muitas coisas existem para dizer, mas na ora de exteriorizar e dar
corpo e vida aquilo que vem bem de dentro da gente, vai ganhando uma outra
estruturação, uma criação diferente daquilo que queríamos na verdade dizer. Não
que o que buscamos escrever no papel, não venha a traduzir fielmente a mensagem
que queríamos passar para quem nos ler. Também a nossa mensagem, pode ser
interpretada em muitos casos, através de visões diferentes para quem vem a ler
o que escrevemos.
Escrever não é uma tarefa fácil e não
é todo mundo que tem esse importante dom de se dedicar à escrita, de se ater a
imaginar, a pensar e a partir daí surgir colocar para fora uma idéia que vai
ganhando materialidade na maestria das mãos de quem escreve. Até parece que
esta é uma espécie peculiar que já nasce com a gente que faz da escrita, não
uma obrigatoriedade ou um meio de ganhar a vida, mas sim, um sacerdócio, isto
é, se escreve porque gosta de escrever e externar as idéias daquilo que está
dentro de cada um de nós.
Tem mais, quem escreve, o faz com amor
à escrita, com o sangue jorrante nas artérias que fazem o coração pulsar no
curso regular da vida, com inspiração do fundo da alma, dedicação, afinco e
responsabilidade em tudo que buscamos externar através da escrita. Quem não
escreve com a alma, não se pode dizer que tem o dom verdadeiro da escrita.
Lembro bem, que desde tenra idade, já
me quedava para à arte da escrita e da leitura. Quando ainda estudante de
ensino primário, hoje fundamental, aqui mesmo em Buíque, vim a fundar o meu
primeiro jornalzinho no Ginásio Comercial de Buíque – G.C.B, fundado por
Blésman Modesto, que funcionava na Escola Duque de Caxias, cujo nome era “O PLÁ DO G.C.B”, elaborado
artesanalmente em máquina de papel estêncil. Mas antes mesmo disso, quando
estudei em Ribeirão Pires, região do grande ABC do Estado de São Paulo, onde
cheguei a morar por certo tempo, na década de 60 para a de 70, já escrevia
poesias e algumas crônicas. Era fissurado em escrever. Geralmente externava o
mundo interior e sufocante, permeado de dificuldades enfrentadas por mim e por
minha família naquele mundo infernal, encontrando aí, uma forma de fuga da
realidade cruel e dolorosa então vivida, era sem dúvida alguma, demonstrar os
meus sentimentos do que via e das circunstâncias enfrentadas, através da
escrita.
Tendo concluído o ginásio em Buíque, o
hoje chamado ensino fundamental, na formatura, fui o orador da turma, vindo a
repetir tal façanha, quando me formei em Direito, quando também, fui o orador
oficial de minha turma de bacharelandos em Direito de 1990, e fui ovacionado na
ocasião pelos colegas presentes, e pela Banda da Política Militar de
Pernambuco, em que tocavam dois amigos de Buíque, grandes músicos e oficiais da
corporação, Exdrinhas e Sebastião de Clóvis e, naquela ocasião, surpresos,
ficaram estupefatos e deslumbrados com a minha verve de oratória na ocasião e
mais orgulhosos ainda, em face do orador da turma naquela ocasião, ser uma
pessoa de Buíque, a exemplo deles, que eram integrantes da Banda Militar. Foi
para mim, um dos momentos mais importantes de minha vida.
Voltando um pouco mais atrás, quando
morei na cidade de Pesqueira, trabalhando no Bandepe, lá também fundei um
Jornal. A VOZ DE BUÍQUE, meio de comunicação escrito, em que me
utilizava para cutucar os políticos e a política de Buíque, entre a década de
80 para a de 90. Muitos em nada gostavam das críticas azedas com as quais me
dirigia aos políticos buiquenses, até mesmo na Câmara de Vereadores, era
criticado pelas minhas posições, que na visão deles, reles vereadores daqueles
idos, me taxavam de irresponsável e dado à vida etílica, como se eles também
não professassem o vício de levantamento de copo e, pior ainda, sempre foram
corruptos e coniventes com toda situação adversa enfrentada pelos buiquenses,
que infelizmente sempre teve um bocado de formigueiros de saúvas para destruir
o patrimônio público em proveito próprio. Muitas vezes fui ameaçado pelo que
livremente externava através da escrita, pelas críticas azedas que dirigia aos
políticos ocasionais de então, mesmo assim, nunca me intimidei da mesma forma,
nunca deixei de escrever livremente o que penso e, ninguém jamais, enquanto
escrever eu puder, tiver voz para falar, ninguém vai me calar ou me amordaçar.
Foi também em função de procurar mostrar os pobres dos políticos de Buíque, que
busquei auto exilar-me em Pesqueira, para onde passei a morar a partir de 1982,
mas nunca deixei de votar em Buíque, de acompanhar os fatos e acontecimentos de
minha terra e de lá mesmo, publicava na gráfica da Diocese de Pesqueira, o meu
Jornal A Voz de Buíque, que infernizou a vida de muitos políticos de Buíque,
que não aceitavam as verdades apimentadas que eu fazia questão de publicar
sobre eles.
Na vida da gente, se tem várias
passagens, várias conquistas e as que mais me deram alegria, foram pela ordem,
o nascimento do meu primeiro filho, Hélder Modesto, em 1980, ver publicado o
meu primeiro livro, “MODESTO À PARTE” e, quando me formei, tirei o meu diploma
de Direito e fui, através da escolha dos colegas pelo voto direto e secreto, o
orador oficial da minha turma. Existem coisas na vida da gente, que jamais
somos capazes de esquecer. Procuro mais dar valoração ao que de bom aconteceu
em todos esses anos de vida, porque das ruins, melhor será colocá-las dentro de
um buraco bem fundo para nunca mais vir a nos perturbar a nossa mente e a nossa
alma. Sabe-se ser impossível que todos os fatos negativos enfrentados no
decurso de nossa vida venham a se apagarem por completo, uma vez que,
geralmente, sempre vem de relance, como num ato reflexo de luz, mesmo assim,
não devemos nos ater à banda podre do que inequivocamente sempre acontece na
vida de cada um de nós. À pretexto de ficar de bem com a vida, com a nossa
consciência, com a nossa alma irmanada em harmonia ao espírito, é que devemos
esquecer de nossas mazelas de vida e sempre buscarmos no otimismo, o que há de
melhor e o que de bom ainda estaremos aptos a contribuir para a melhoria e
aperfeiçoamento da humanidade. É assim que é a nossa vida, a vida de cada um de
nós seres humanos viventes e, se tudo pudéssemos descrever, muita coisa teria
ainda para dizer do que na vida vivi e de tudo que ainda estou pronto para
viver, apesar de estar sempre de prontidão na frente de luta, de batalha, da
guerra deste viver de inquietude neste ignóbil e conturbado mundo de meu Deus.
Por: Manoel Modesto de Albuquerque
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