BUÍQUE, RECIFE E A COPA - Quando pobres e ricos são iguais

Copa e paixão pelo futebol reduzem diferenças entre brasileiros de classes sociais diferentes, que vivem agora emoções parecidas



João Monteiro, da zona rural de Buíque, assiste ao lado da mulher, Elisa, e da neta a todos os jogos da Copa. Foto: Bernardo Dantas/DP/D.A.Press
João Monteiro, da zona rural de Buíque, assiste ao lado da mulher, Elisa, e da neta a todos os jogos da Copa. Foto: Bernardo Dantas/DP/D.A.Press
Buíque e Recife - Copa é Copa: horizontaliza pobre e rico. Une lados opostos de uma sociedade de contrastes. Mais: faz o significado da palavra nação ganhar sentido ao avivar vínculos afetivos e instituir um querer coletivo capaz de dirimir diferenças. Só uma Copa aproxima universos tão antagônicos quanto os do aposentado João Monteiro e do empresário João Marinho. Os das famílias do mestre de obras Severino Deodato e do empresário de shows Augusto Acioli. Brasileiros de Buíque, município paupérrimo do semiárido pernambucano, e do Recife, capital de bem abastados. Cidadãos que se igualam em alguns minutos de emoções.



Sentado na sua poltrona puída diante de uma TV 14 polegadas instalada na sala de estar de cimento batido, na Baixa da Palmeira (zona rural de Buíque), o aposentado João Monteiro tem assistido a todos os jogos do Mundial: “Tudo, tudo, até a dentada daquele uruguaio eu vi”, diz, falando sobre o jogador Luis Suárez, personagem da semana. E quando o Brasil entra em campo? “Aí meu coração bate forte. Choro com o povo cantando o hino”, confessa o trabalhador rural, esteio de uma família de seis filhos vivos, quarenta netos e cujo rendimento mensal é de um salário mínimo.


O empresário João Marinho, figura conhecida das colunas sociais dos jornais do estado, acompanha os jogos com a determinação parecida e emociona-se com a mesma intensidade. “Sou chorão nato. O hino, por exemplo, mexe muito comigo e me deixa com coração acelerado e olhos cheios de lágrimas”, afirma ele, que tem renda média na casa dos três dígitos - garantem amigos - ou “o suficiente para viver bem e comprar o que quiser”, diz ele. João Marinho, que mora numa cobertura na Avenida Boa Viagem, tem mesa fixa em um restaurante fino do Shopping Recife para assistir a todos os jogos das 13h com amigos - também ricos. À tarde, assiste aos jogos em seu escritório. Em dias de  disputas do Brasil, desfruta da sua mesa vip na Cachaçaria Carvalheira, bar sofisticado do Recife, com telão de cinema, ar condicionado, vodka Absolut e whisky Johnnie Walker black. Quando está disposto, vai à Arena (“Comprei ingressos para todos os jogos aqui”).


Para seu João Monteiro, que reside a 280 quilômetros do Recife, a Copa tem sido oportunidade para conhecer a cultura do “estrangeiro”, como define. É, na visão dele, porta de esperança para melhorar a economia local “porque o dinheiro dos turistas fica aqui, né!?”. Para João Marinho, que morou no exterior, este é o momento de o país mostrar o “seu potencial”.
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Seu Severino Deodato e Augusto Acioli também podem ser comparados, se o quesito for animação para os jogos do Brasil. Reunido com sua mulher Gildete Bezerra e os filhos Vitor, Heitor e Artur, enfeitou o jardim da casa de verde e amarelo, no Sítio São Luís (Buíque), com bandeiras com a logomarca da Fifa. “É muita alegria que sentimos. Para você ter uma ideia como a Copa é importante para nós: só vamos fazer nossa quadrilha junina quando o Brasil ganhar”, diz Gildete, que marcou a quadrilha para a noite do dia 13 de julho, data da final.


Já o empresário cultural Augusto Acioli, jovem rico e famoso na elite do Recife, volta nesta segunda-feira de um cruzeiro no Caribe, onde está com a família. E é de lá, por meio dos muitos telões, que tem acompanhado os últimos resultados ao lado das filhas Isabela, Beatriz e da esposa Ana Cláudia. Os próximos jogos do Brasil assistirá no Barchef, bar da capital no qual ele promove festas com telões e shows. “No final das contas, será muito bom para o país”, diz Augusto, que é fã de futebol.


A Copa tem o poder de fazer com que brasileiros de dois mundos se pareçam. “Porque  no final das contas todo mundo quer que o Brasil dê certo”, diz João Marinho. “Tirando o dinheiro, somos iguais”, teoriza João Monteiro.
Com informações: DP

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