Da redação: Blog Buíque & Cia
Na região do semiárido brasileiro, o estado de Pernambuco e nove estados do Nordeste, atravessa atualmente sua pior seca nos últimos 30 anos. Por aqui não chove forte desde o ano passado, segundo relatos dos moradores. A previsão é que a estiagem se estenda até 2016. Conhecendo o histórico da política brasileira (infelizmente), esse é ou não é o cenário perfeito para candidatos a prefeitos e vereadores subirem no palanque e prometerem mundos e fundos? Pois é! Isso acontece aos montes! Se fosse só isso, não teríamos situações muito diferentes das que acontecem no resto do país. No entanto, na nossa região – estou falando de Tupanatinga, cidade vizinha de Buíque e de Itaíba – o problema é mais grave. Os políticos que hoje estão com o poder da prefeitura em suas mãos se utilizam de direitos previstos na legislação brasileira na compra de votos. O acesso à água potável, que é direito de todos, é benefício de uma minoria na região. As casas abastecidas com carro-pipa e contempladas com as Cisternas do Governo Federal são aquelas que votam no prefeito. Estive em casas onde os moradores me falavam com todas as letras que políticos iam lá usar voto como moeda de troca. Vale tudo: voto por um telhado, voto por água, voto por tijolos. É assustador demais! O mais triste é que o ciclo continua, porque as pessoas lá têm pouca instrução e condição financeira para rompê-lo.
É realmente uma realidade que transforma. Porém, o que mais me marcou foi uma situação que o governo federal – por meio do Ministério da Integração Nacional – dá estas cisternas de plástico às pessoas. Os reservatórios custam mais de 5 mil, incluindo instalação. (Obs: As ações de assistencialismo são as únicas formas que o executivo sabe resolver o problema. Feita a crítica, sei que esse tipo de modelo é necessário, mas deve vir acompanhado de políticas públicas estruturantes e capacitação para as famílias que recebem as cisternas).
Apesar de ser um privilégio ter uma cisterna em casa, o material que o governo usa para fazer as cisternas é polietileno. O plástico não resiste ao calor do semiárido e a cisterna deforma. O problema já foi denunciado por vários grupos da sociedade civil, que realizam trabalhos na região. Teve um caso mais extremo, que a cisterna foi instalada pela manhã e na parte da tarde já tinha afundado.
Ainda assim, o Ministério da Integração insiste em afirmar que os reservatórios com problemas de fabricação – foi assim que eles classificaram esse afundamento no plástico – serão trocados. No entanto, o problema não é de fabricação e sim de adaptação à região.
Por que será então que o governo federal continua distribuindo cisternas de plástico, mesmo sabendo dos problemas citados? A politicagem é forte demais. As cisternas são produzidas pela Codevasf, e quem na verdade está se beneficiando em Tupanatinga, é o atual prefeito e candidato a reeleição Manoel Tomé, que é quem realiza e ordena - pelo que vimos à entrega das Cisternas naquelas comunidades tão sofridas e pobres da zona rural tupanatinguense.