O encontro que o governador Eduardo Campos (PSB) terá hoje (23), em Brasília, com a presidente eleita Dilma Rousseff (PT) não deverá ficar restrito à participação do PSB no futuro governo petista. Na condição de presidente nacional do partido e do governador eleito com a maior votação proporcional do país, Eduardo pretende ir além. O socialista quer mostrar, por exemplo, que os partidos da base aliada, juntos, têm no Congresso a mesma força do PMDB. Com a eleição do deputado Michel Temer para Vice-presidência, os peemedebistas pretendem ocupar o mesmo espaço que detêm no governo Lula, o comando de seis ministérios.
A movimentação de Eduardo na capital federal, segundo informações de bastidores, terá, portanto, o propósito de tentar barrar o avanço do PMDB. Na avaliação de socialistas em reserva, a eleição de Temer deu um peso adicional ao partido, mas isso não dá aos seus caciques a garantia de ampliar o número de cargos nem de ganhar mais projeção no Congresso Nacional. De acordo com uma fonte governista, os partidos de esquerda também têm um grande poder de decisão na Câmara dos Deputados e no Senado.
No debate sobre a composição do governo Dilma, garante a mesma fonte, o governador ainda não falou sobre nomes, mas não é segredo para ninguém que o PSB tem interesse em ministérios que tenham sinergia com o Nordeste, a exemplo da Integração Nacional e das Cidades. Atualmente o partido comanda os ministérios da Ciência e Tecnologia e dos Portos. Apesar do silêncio de Eduardo, os nomes dos secretários estaduais de Desenvolvimento Econômico, Fernando Bezerra Coelho, e de Recursos Hídricos, João Bosco de Almeida, foram lembrados, respectivamente, para Integração Nacional e Cidades.
O fortalecimento do PSB na campanha deste ano, elegendo seis governadores, sendo três deles no Nordeste (Pernambuco, Ceará e Piauí), deu a Eduardo um trunfo importante para lutar pelos interesses do seu partido. Ele, inclusive, está no grupo de governadores escolhidos por Dilma para formar o ´pelotão de frente` da futura presidente no Congresso. Na caminhada de hoje Eduardo não estará sozinho. Também está agendada a participação dele numa reunião com Michel Temer, na residência oficial da Câmara, e os governadores eleitos de oposição, Geraldo Alckmin (PSDB), de São Paulo, e Antônio Anastasia (PSDB), de Minas Gerais, e os reeleitos da base governista Sérgio Cabral (PMDB), do Rio de Janeiro, e Jaques Wagner (PT), da Bahia.
Na pauta, a derrocada da PEC 300, que cria um piso nacional para o salário dos policiais e bombeiros e a permanência das compensações da lei Kandir, que prevê subsídios às exportações. Os governadores vão cobrar a aprovação das compensações e sua inclusão no Orçamento de 2011. (informações e foto do DP)