Suspeito de mandar matar promotor de Itaíba concede entrevista a emissoras e se apresenta a polícia agora a noite


Depois de mais de um ano foragido, o fazendeiro José Maria Pedro Rozendo Barbosa – suspeito de ter encomendado a morte do promotor de justiça Tiago Faria Soares em Itaíba, no Agreste de Pernambuco – deve se apresentar no fim da tarde desta terça-feira (28) à Polícia Federal, no Recife. A informação foi dada pelo advogado de defesa de José Maria, Anderson Flexa, na manhã desta terça.
Flexa disse que José Maria agora se sente mais protegido para prestar depoimento, depois que a Polícia Federal assumiu o caso, em setembro, a pedido do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e por ordem do Superior Tribunal de Justiça (STJ). “A Polícia Federal deixou bem claro que, em suas investigações, não vai descartar qualquer tese, qualquer linha de investigação. Isso para gente é confortante e é a certeza que nos passa que o depoimento de Zé Maria pode ser usado, agora, na tentativa de elucidação do caso”, explicou.
O crime aconteceu no dia 14 de outubro de 2013, na PE-300. Para a Polícia Civil, que iniciou a investigação do caso, foi o fazendeiro José Maria quem contratou o cunhado, Edmacy Ubirajara, para matar Tiago Faria. A motivação envolveria uma disputa por terras. Ubirajara chegou a ser preso – passou dois meses no Centro de Triagem Professor Everardo Luna (Cotel), em Abreu e Lima, no Grande Recife. O advogado de defesa conseguiu que o acusado saísse da prisão para responder pelo homicídio em liberdade.

O promotor foi morto no Agreste, quando seguia de Águas Belas para Itaíba, cidade onde trabalhava. Quatro cartuchos de espingarda 12 foram encontrados no carro dele.  A noiva, Mysheva Martins, e o tio dela também estavam no veículo, mas não ficaram feridos. Segundo simulação ocorrida em 23 de dezembro, os três foram perseguidos por um carro. O homem que estava no banco de trás desse veículo atirou com uma espingarda 12, acertando o promotor. Mysheva saiu do carro do noivo e se protegeu no barranco; o tio dela também saiu do veículo e andou pelo acostamento. Os atiradores voltaram e o homem que estava atrás atirou outras três vezes, antes de deixar o local do crime. Mysheva e o tio escaparam ilesos.
A Polícia Civil afirma que José Maria encomendou o assassinato porque o promotor teria ajudado a noiva a comprar a sede de uma fazenda em um leilão da Justiça Federal. José Maria perdeu a posse e teve que sair dessa fazenda. Em entrevista exclusiva à TV Globo, na época, o fazendeiro negou o crime. O advogado dele, Anderson Flexa, garantiu que seu cliente irá para a prisão se assim a Justiça decidir. "Ele está disposto a isso. A única exigência é que garantam a integridade física dele", concluiu.
Conflito
Em agosto deste ano, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinou a imediata transferência de responsabilidades no caso do promotor para os órgãos federais. Para o ministro relator, Rogerio Schietti Cruz, é notório um conflito entre Polícia Civil e Ministério Público de Pernambuco (MPPE). A Polícia Federal já estava a par de alguns atos urgentes, depois de liminar, enquanto tal determinação não era decidida. O pedido de federalização foi feito pelo procurador-geral da República Rodrigo Janot.

Promotor trabalha no comarca de Itaíba, no Agreste (Foto: Facebook/Arquivo Pessoal)
Promotor trabalhava na comarca de Itaíba

(Foto: Facebook/Arquivo Pessoal)
Antes da federalização, uma das linhas de investigação apontava para uma discórdia sobre a posse da Fazenda Nova, que fica emÁguas Belas, também no Agreste. José Maria Pedro Rosendo Barbosa, o posseiro das terras, teve de deixar o local depois de uma ação judicial. Por causa de uma dívida trabalhista na Justiça Federal, Mysheva Martins conseguiu comprar a sede da fazenda. Nesse processo, ela teria recebido ajuda do noivo, o promotor Thiago Faria. Na desapropriação, ele esteve na fazenda com um oficial de Justiça. Irritado com o caso, José Maria Pedro Rosendo Barbosa, segundo a polícia, teria encomendado a execução do promotor ao cunhado, Edmacy Cruz Ubirajara, que esteve preso e foi solto no dia 18 de dezembro.
Para o STJ, "o crime estaria inserido no contexto de atuação de grupos de extermínio na área, conhecida como Triângulo da Pistolagem". Parentes da noiva do promotor já foram alvo de denúncias e investigações sobre este tipo de crime na região.
Fonte: G1-PE

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