
Flexa disse que José Maria agora se sente mais protegido para prestar depoimento, depois que a Polícia Federal assumiu o caso, em setembro, a pedido do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e por ordem do Superior Tribunal de Justiça (STJ). “A Polícia Federal deixou bem claro que, em suas investigações, não vai descartar qualquer tese, qualquer linha de investigação. Isso para gente é confortante e é a certeza que nos passa que o depoimento de Zé Maria pode ser usado, agora, na tentativa de elucidação do caso”, explicou.
O crime aconteceu no dia 14 de outubro de 2013, na PE-300. Para a Polícia Civil, que iniciou a investigação do caso, foi o fazendeiro José Maria quem contratou o cunhado, Edmacy Ubirajara, para matar Tiago Faria. A motivação envolveria uma disputa por terras. Ubirajara chegou a ser preso – passou dois meses no Centro de Triagem Professor Everardo Luna (Cotel), em Abreu e Lima, no Grande Recife. O advogado de defesa conseguiu que o acusado saísse da prisão para responder pelo homicídio em liberdade.
O promotor foi morto no Agreste, quando seguia de Águas Belas para Itaíba, cidade onde trabalhava. Quatro cartuchos de espingarda 12 foram encontrados no carro dele. A noiva, Mysheva Martins, e o tio dela também estavam no veículo, mas não ficaram feridos. Segundo simulação ocorrida em 23 de dezembro, os três foram perseguidos por um carro. O homem que estava no banco de trás desse veículo atirou com uma espingarda 12, acertando o promotor. Mysheva saiu do carro do noivo e se protegeu no barranco; o tio dela também saiu do veículo e andou pelo acostamento. Os atiradores voltaram e o homem que estava atrás atirou outras três vezes, antes de deixar o local do crime. Mysheva e o tio escaparam ilesos.
A Polícia Civil afirma que José Maria encomendou o assassinato porque o promotor teria ajudado a noiva a comprar a sede de uma fazenda em um leilão da Justiça Federal. José Maria perdeu a posse e teve que sair dessa fazenda. Em entrevista exclusiva à TV Globo, na época, o fazendeiro negou o crime. O advogado dele, Anderson Flexa, garantiu que seu cliente irá para a prisão se assim a Justiça decidir. "Ele está disposto a isso. A única exigência é que garantam a integridade física dele", concluiu.
Conflito
Em agosto deste ano, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinou a imediata transferência de responsabilidades no caso do promotor para os órgãos federais. Para o ministro relator, Rogerio Schietti Cruz, é notório um conflito entre Polícia Civil e Ministério Público de Pernambuco (MPPE). A Polícia Federal já estava a par de alguns atos urgentes, depois de liminar, enquanto tal determinação não era decidida. O pedido de federalização foi feito pelo procurador-geral da República Rodrigo Janot.
Antes da federalização, uma das linhas de investigação apontava para uma discórdia sobre a posse da Fazenda Nova, que fica emÁguas Belas, também no Agreste. José Maria Pedro Rosendo Barbosa, o posseiro das terras, teve de deixar o local depois de uma ação judicial. Por causa de uma dívida trabalhista na Justiça Federal, Mysheva Martins conseguiu comprar a sede da fazenda. Nesse processo, ela teria recebido ajuda do noivo, o promotor Thiago Faria. Na desapropriação, ele esteve na fazenda com um oficial de Justiça. Irritado com o caso, José Maria Pedro Rosendo Barbosa, segundo a polícia, teria encomendado a execução do promotor ao cunhado, Edmacy Cruz Ubirajara, que esteve preso e foi solto no dia 18 de dezembro.
Para o STJ, "o crime estaria inserido no contexto de atuação de grupos de extermínio na área, conhecida como Triângulo da Pistolagem". Parentes da noiva do promotor já foram alvo de denúncias e investigações sobre este tipo de crime na região.
Fonte: G1-PE
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Acesse o melhor conteúdo e matérias atualizadas dos fatos e acontecimentos de Buíque e região. Buíque & Cia - O melhor portal de notícias da cidade!